(SPA) Para Além do Udon: 5 Histórias Secretas que Definem a Alma de Takamatsu

Do poço do Deus Dragão onde se venera o herói de uma nação, à maré que defende um castelo; do guia tanuki no nevoeiro ao humor que celebra a chegada da água, estas cinco histórias interligam-se através dos temas centrais da "água, mito e resiliência"...

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Quando se pensa em Takamatsu, a capital da prefeitura de Kagawa, a mente viaja quase de imediato para duas imagens icónicas: as fumegantes tigelas de udon de Sanuki, que lhe valeram a alcunha de "Prefeitura do Udon", e o seu papel como porta de entrada para as ilhas de arte do Mar Interior de Seto, como a célebre Naoshima. Estes são os cartões de visita de uma cidade moderna e vibrante, a porta de entrada para a ilha de Shikoku.

No entanto, para lá destes rótulos familiares, existe uma corrente mais profunda e antiga que molda a verdadeira identidade de Takamatsu. É uma cidade esculpida por uma luta ancestral com a água, tecida com mitos poderosos de dragões e ogres, e fortalecida por uma resiliência cultural que se manifesta das formas mais inesperadas. Para verdadeiramente conhecer Takamatsu, é preciso desviar-se do caminho principal e escutar os sussurros da sua história.

Este artigo é um convite a essa exploração. Iremos desvendar cinco "tesouros escondidos" — não locais secretos, mas narrativas profundas, muitas vezes ignoradas — que, juntas, compõem um mapa da alma desta cidade fascinante. Prepare-se para descobrir uma Takamatsu que a maioria dos guias não menciona.

O Poço do Dragão: Onde a Água e a Riqueza Nascem no Santuário Tamura

O Santuário Tamura, conhecido como o Ichinomiya — o santuário de mais alto estatuto da antiga Província de Sanuki —, é mais do que um importante centro de fé; é o epicentro de um dos mitos fundadores de Takamatsu. No seu coração esconde-se o "Sadamizu no I", um poço sagrado conhecido como o "abismo sem fundo". A lenda diz que aqui reside um poderoso Deus Dragão, o guardião supremo da água, uma divindade crucial numa região historicamente atormentada pela seca. Mas este santuário guarda outro segredo: entre as suas cinco divindades principais está Isaseri Hiko no Mikoto, mais conhecido como Kibitsu Hiko no Mikoto — o herói original da lenda de Momotaro. Assim, este não é apenas o lar do dragão da água, mas também o lugar onde se venera o herói que viria a derrotar os ogres.

Este duplo mito é um reflexo direto das ansiedades de Sanuki. A crença no dragão respondia à escassez de água, enquanto a veneração do herói simbolizava a necessidade de ordem e proteção. Com o tempo, a fé evoluiu. Hoje, o pedido por água transformou-se numa oração por riqueza, simbolizada por uma magnífica estátua de dragão dourado a quem se oferecem moedas pela fortuna. A antiga veneração pela água fundiu-se com a moderna aspiração pela prosperidade, mas a história do herói permanece, à espera de ser redescoberta.

Segundo a lenda, quem se atrever a espreitar para o abismo perderá a vida. Por isso, esta fonte sagrada nunca foi aberta ao público.

Para além do poço misterioso, a verdadeira gema escondida do santuário é o "percurso das doze estátuas do zodíaco (十二支巡り)", um caminho que oferece uma experiência interativa única. A sua proximidade com o Templo Ichinomiya, o 83.º templo da famosa Peregrinação de Shikoku de 88 templos, oferece também aos viajantes a oportunidade de aprofundar a sua jornada espiritual, ligando o mito local a uma das mais importantes rotas sagradas do Japão.

A Ilha dos Ogres: O Contraste Mítico de Megijima

A curta viagem de ferry desde o porto de Takamatsu leva-nos à Ilha de Megijima, o segundo ato do nosso épico regional. Para o mundo moderno, é um palco do Festival Internacional de Arte de Setouchi. Mas na tradição, tem outro nome: "Onigashima" (鬼ヶ島), a Ilha dos Ogres. No topo da ilha, a "Gruta de Onigashima" é considerada o covil onde se escondiam os temíveis ogres da lenda de Momotaro, o mesmo herói venerado no Santuário Tamura. A lenda, no entanto, não se confina à ilha; a avó que encontrou o pêssego mítico fê-lo no continente, nas margens do rio Honzu. A cidade e a ilha formam, assim, um único e vasto palco mitológico.

A ilha vive deste poderoso contraste dramático. Num mesmo lugar coexistem uma fonte de medo ancestral — a gruta escura e labiríntica — e um símbolo de beleza e criatividade moderna, com as suas instalações de arte e as cerca de 3.000 cerejeiras que a pintam de rosa na primavera. Esta dualidade não é uma contradição, mas sim um reflexo da capacidade de Takamatsu para harmonizar elementos opostos, integrando o mito no presente e encontrando beleza tanto na luz como na sombra.

Para lá da gruta e das obras de arte, a experiência aprofunda-se ao vaguear pelas "aldeias construídas nas encostas, com uma estrutura em 'escama de peixe' (鱗状)". Os seus becos estreitos criam uma paisagem fotogénica e oferecem um passeio tranquilo, longe das atrações principais. No cume do Monte Washigamine, o observatório oferece uma vista panorâmica deslumbrante sobre o arquipélago, um momento de serenidade que une o mito do herói, o covil do ogre, a arte moderna e a natureza intemporal.

O Guia no Nevoeiro: O Gentil Deus Tanuki do Templo Yashima

O planalto de Yashima é frequentemente lembrado como o palco de uma batalha sangrenta da Guerra de Genpei. No entanto, o , o 84.º da Peregrinação de Shikoku e o templo seguinte na rota após o Templo Ichinomiya, alberga uma história muito mais gentil. A lenda fala de "Minoyama Daimyojin", um tanuki (cão-guaxinim) divino que encontrou o monge Kukai, fundador da peregrinação, perdido num denso nevoeiro. Disfarçado de ancião, o tanuki guiou o monge em segurança até ao topo da montanha.

Este mito oferece uma narrativa alternativa e comovente, contrastando com o passado bélico de Yashima. É uma personificação do profundo respeito japonês pelas forças da natureza, onde o tanuki não é uma criatura a ser subjugada, mas um guia benevolente. Esta figura tornou-se tão icónica que foi até referenciada no aclamado filme do Studio Ghibli, Pom Poko (平成狸合戦), ligando um mito antigo à cultura popular global. A história transforma um lugar de conflito num símbolo de orientação e harmonia entre o homem e o divino natural.

A prova da devoção local a este espírito encontra-se no caminho que leva ao Santuário Inari, onde o percurso é ladeado por "inúmeras estátuas de tanuki oferecidas pelos fiéis", criando uma paisagem única. Para os amantes de arquitetura, o salão principal guarda outro segredo: embora o seu estilo exterior pareça do período Momoyama, a sua estrutura interna esconde "madeiras e técnicas de construção do período Kamakura", um tesouro histórico à vista de todos.

A Maré do Castelo: A Engenharia Marítima do Castelo de Takamatsu

As ruínas do Castelo de Takamatsu, também conhecido como Castelo Tamamo, guardam uma das mais impressionantes proezas de engenharia do Japão feudal. Sendo um dos três grandes "castelos de água" do país, a sua característica mais rara é o seu fosso de "entrada de maré" (潮入式, shioiri-shiki). Em vez de usar água doce, o fosso canaliza diretamente a água salgada do Mar Interior de Seto, utilizando o fluxo e refluxo das marés como um sistema de defesa dinâmico.

Esta estrutura não é apenas uma obra-prima de engenharia militar, mas também uma manifestação de uma sofisticada estética paisagística. Ao incorporar o poder das marés no seu design, o castelo funde a arquitetura com a natureza de uma forma sublime. Hoje, com a ausência da torre de menagem principal, destruída na era Meiji, os visitantes são convidados a usar a imaginação. Observar a maré a encher e a vazar o fosso, onde outrora navios patrulhavam, permite sentir a grandiosidade histórica e a pulsação viva do oceano no coração da cidade.

O testemunho mais fascinante deste ecossistema único está na própria água do fosso. Com um olhar atento, é possível ver "peixes de água salgada, como o pargo, que ainda hoje vivem no fosso" — uma prova viva e surpreendente da engenhosa ligação do castelo ao mar, um aquário natural que perdura há séculos.

A Humildade Cómica: A Gratidão no Festival Hyōge

Longe dos grandes monumentos, no interior de Takamatsu, acontece um tesouro cultural "limitado no tempo": o Hyōge Matsuri. Este festival, classificado como Bem Cultural Folclórico Intangível, é uma das expressões mais autênticas da alma local. O evento homenageia YANOUE Heiroku, um herói que, séculos atrás, resolveu a grave escassez de água da região ao construir o reservatório de Shin'ike, salvando a sua comunidade.

O mais notável é a forma como o celebram. A palavra hyōge significa "cómico" ou "humorístico". Durante a procissão do festival, os participantes pintam os rostos com maquilhagem exagerada e vestem trajes bizarros. Por que razão a comunidade escolhe celebrar a superação de uma dificuldade histórica através do humor? Porque é uma poderosa expressão de resiliência e otimismo. Em vez de solenizar o sofrimento passado, transformam a gratidão numa festa alegre e genuína, fortalecendo os laços comunitários através do riso.

Neste caso, a verdadeira gema escondida é "o próprio festival". Sendo um evento anual raro e não comercializado, geralmente em setembro, oferece uma imersão profunda e autêntica no coração da cultura de Takamatsu, uma oportunidade única para testemunhar a gratidão na sua forma mais pura e humana.

O Mapa das Histórias Ocultas de Takamatsu

Do poço do Deus Dragão onde se venera o herói de uma nação, à maré que defende um castelo; do guia tanuki no nevoeiro ao humor que celebra a chegada da água, estas cinco histórias interligam-se através dos temas centrais da "água, mito e resiliência". Juntas, formam um roteiro alternativo que revela as camadas mais profundas da identidade de Takamatsu, muito para além do udon e da arte contemporânea.

Estes tesouros escondidos oferecem mais do que simples pontos de interesse; oferecem um caminho para uma compreensão mais autêntica e íntima da cidade. Mostram como uma comunidade interpretou o seu ambiente, superou as suas adversidades e transformou as suas lendas em alicerces culturais. A verdadeira viagem começa quando nos atrevemos a olhar para além da superfície.

Que histórias secretas estarão à espera sob a superfície das cidades que pensamos conhecer?

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By Lawrence